ana beatriz rosa

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ok, isso é um fato. mas precisa ser um problema?

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ok, isso é um fato. mas precisa ser um problema?

leituras, links e pensamentos de janeiro

ana beatriz rosa
Feb 2, 2021
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eu demoro para embarcar em coisas óbvias demais.

e, nas minhas últimas leituras-hype, foi mais ou menos isso que aconteceu: insisti no livro por conta de todo o buzz, passei 80% do tempo revirando os olhos já que o mesmo argumento era reapresentado incansavelmente sem qualquer ajuste de tom, criatividade ou cara de pau. mas chega o momento que simplesmente vem o estalo da leitura e, nos 20% restante do livro, faz toda a energia dedicada valer a pena. ⁣
⁣
foi assim com falso espelho, o caminho do artista e, agora, indomável.⁣


⁣
vocês já devem ter ouvido falar sobre o livro por aí: best-seller indicado entre 9 de cada 10 mulheres que gostam de ler sobre como precisamos sair de nossas « jaulas », confiar na nossa intuição e experimentar uma existência que nos faça sentido. ⁣
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tem várias passagens legais sobre ser mulher, a maternidade, um casamento falido e todas aquelas concessões diárias que realizamos em prol de uma adequação. ⁣
⁣
a frase, no entanto, que foi o gatilho para minha experiência de leitura foi um pouco mais simples, e um tanto quanto óbvia. era mais ou menos assim: isso é um fato, não um problema. ⁣
⁣
no contexto, a autora descrevia uma conversa com sua filha de 13 anos em que ela comentava que joana e maria gostavam dela, mas fulana não. ⁣
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« old me »: você já tentou ser mais agradável? ⁣
« new me »: ok. just a fact. not a problem. ⁣
⁣
veja, longe de mim ser a defensora da intransigência e mal educação. a vida é muito curta para a gente gastar energia com gente baixo astral. mas você já pensou no tanto que a gente se esforça para agradar? e não é só agradar, mas se fazer caber. em contextos, em empregos, em relações, em estereótipos. é um grande estica-e-aperta entre o sentimento de nunca ser suficiente ou apenas exagerada demais. ⁣
⁣
de todas as reflexões levantadas por indomável, a que mais me tocou foi justamente essa: talvez, não encaixar seja só um fato. e não um problema. ⁣
⁣
percebem a força disso? 


para assistir

  • gosto de seguir a @pjaycob porque ela sempre traz dicas boas de filme.
    em janeiro, deixei esses dois posts salvos:

pjaycob
A post shared by P.J. (@pjaycob)
pjaycob
A post shared by P.J. (@pjaycob)

livros que li

  • Um teto todo seu, da Virginia Woolf

    esse livro merece um post à parte, mas já queria deixar indicado aqui porque se você assim como eu ainda não leu, vale muito a pena! clássico, curto, sagaz, potente. me diverti muito durante a leitura, e refleti muito também. para além do argumento principal de Woolf sobre mulheres na ficção e como construimos a nossa liberdade de livre expressão, ela traz ótimas frases sobre diversos temas da vida. aqui, um spoiler, que eu adotei como lema desde então:

    {…} um bom jantar é de suma importância para uma boa conversa.
    não se pode pensar direito, amar direito, dormir direito quando não se jantou direito.

  • O Lobo da Estepe, do Hermann Hesse

outro clássico, e a minha segunda experiência com o autor. já tinha lido Demian, que amei, e adorei igualmente esse título (talvez o mais popular do Hesse?!). coloquei Sidarta na lista, porque o autor já se tornou um dos meus favoritos.

{…} o homem não é, absolutamente, um resultado firme e duradouro (este foi, apesar dos pressentimentos contrapostos dos seus sábios, o ideal da antiguidade), mas um ensaio e uma transição; não é mais do que a ponte estreita e perigosa entre a natureza e o espírito.

  • Partículas Elementares, do Michel Houellebecq

    sinceramente? não sei opinar. uma das leituras mais fora da minha zona de conforto e que me exigiu demais, simplesmente porque tudo que eu conseguia sentir era: raiva. esse é um dos primeiros livros do autor frânces radicado na Irlanda. a história acompanha a vida de dois irmãos completamente desajustados na vida, com uma família problématica e personalidades complexas. como tudo do autor, a narrativa é um tanto bizarra e acho que o grande trunfo é realmente provocar esse desconforto no leitor. mas, ao longo da leitura, você percebe que o olhar crítico e afiado do frânces está alí por um motivo: ressignificar e cutucar todas as feridas do establishment. e, no caso de Partículas Elementares, a bola da vez é a revolução sexual.

    {…} existem corretivos, pequenos corretivos humanos, balbuciou Bruno. enfim, coisas que permitem esquecer a morte. em Admirável mundo novo, são os ansiolíticos e os tranquilizantes. em A ilha, a meditação, as drogas psicodélicas, alguns vagos elementos de religiosidade hindu. na prática, hoje, as pessoas tentam fazer uma pequena mistura dos dois.


links que salvei

  • Newsletter sobre "o significado de comunidade" da Haley Nahman (vocês já sabem que eu amo tudo que ela escreve)

  • Newsletter "The Errand Friend" (chega caiu uma lagriminha lembrando das amizades pré-pandemia)

  • How Capitalism Drives Cancel Culture (oi BBB! eu amo falar - ler - pensar sobre a cultura do cancelamento, e esse texto foi excelente)

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é isso, nos vemos em breve!

💋bia

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