Como começar a ler?
um papo introdutório para a gente retomar esse ritual em nossas rotinas

olá, como estamos nessa quarta-feira? sempre gostei das quartas, então, vou testar manter o envio semanal da newsletter nesse dia.
como já havia conversado com vocês, comecei a minha leitura de “Brasil: Uma biografia” no fim de semana, e logo nas primeiras páginas senti a necessidade de compartilhar e trocar referências com outras pessoas, por isso a ideia da leitura conjunta.
mas, antes de começarmos a falar propriamente do livro, queria separar um espacinho para comentar do hábito de leitura que, para algumas pessoas, é um desafio.
existem várias dicas por aí na internet de como começar a ler. tem gente que tem até cronograma e apps de produtividade para isso. vou contar, então, o que funciona para mim.
a leitura só se encaixou na minha rotina, de fato, quando eu comecei a perceber o meu momento com o livro como um ritual. acho essa palavra definidora porque costumamos confundir hábitos e autocobranças com aquilo que realmente precisamos e nos preenche. ok, ok, ter uma meta de leitura anual a cumprir pode servir para os mais pragmáticos, mas, para mim, a leitura sempre foi um momento de desacelerar e abstrair. e é justamente por isso que leio sempre em dois momentos do meu dia (obrigada, quarentena): sempre antes de dormir, e agora, todo dia ao acordar.
antes de dormir faz todo o sentido para mim porque, com o meu cházinho do lado da cama, consigo me afastar das tarefas diárias que ocuparam meu dia. é também uma boa desculpa para que eu me desligue da tela do celular, que, já sabemos, é super estimulante, e a leitura se torna mais uma ferramenta de “higiene do sono” do que uma meta-de-devorar-livros. outro ponto curioso: não raro eu sonho com os enredos e, ao acordar, preciso de uns minutos revisitando as páginas do livro para entender o que de fato o autor escreveu ou o que eu sonhei. costumo anotar esses sonhos e dou algumas risadas depois. ficaí a dica para quem gosta de observar os limites de nossa criatividade, rs.
agora, na quarentena, estou estendendo o meu privilégio de poder estar em casa ao combo “manhãs com calma”. não é que eu precise acordar cedo, mas eu gosto. o silêncio, a cidade ainda despertando, o passarinho da árvore que fica em frente a minha janela e, por alguns minutos, eu até me esqueço que estamos vivendo uma pandemia em são paulo. então, troco a xícara de chá por uma de café e fico na preguiça da cama quentinha na companhia do meu livro antes de começar a trabalhar.
outro ponto importante: não me coloco metas de leitura, mas também não me deixo estar sempre na zona de conforto. assim como qualquer hábito, existe uma necessidade de colocarmos uma certa energia para que isso permaneça na nossa vida (aliás, já escrevi sobre esse tema aqui
), ainda que, no início, isso seja um pouco desconfortável.
a questão do ritual, para mim, é que além dessa energia atribuída, a gente consegue perceber um significado. eu leio porque me faz bem. eu leio porque quero me distanciar. eu leio porque quero aprender. e eu leio porque me basta.
então é isso, me contem, o que funciona para vocês?

algumas dicas importantes antes de ir embora…
não costumo ler dois livros simultaneamente, mas, se isso por algum motivo precisar acontecer, como está acontecendo agora, sempre leio um livro estilo “romance” e um livro mais “técnico”. assim, costumo separar a leitura-ritual da leitura-de-estudos.
no primeiro caso, a leitura-ritual funciona bem para mim seja com leituras físicas ou digitais (digam amém ao kindle! vale a pena e eu vou insistir para que todo mundo tenha um), no segundo caso, prefiro as leituras físicas.
nos livros-rituais, costumo usar post-its para marcar as páginas/parágrafos que mais me agradam e que quero lembrar depois. nos livros-estudos, me permito usar lápis nas páginas também (desculpa, eu sei que para muita gente isso é uma heresia).
respeito a minha vontade de leitura diária. se estou com cabeça para o livro-estudo, mergulho nele em qualquer horário do dia. caso contrário, deixo de lado e fico só com o meu romance e meu cházinho, sem neura.
mas, se tenho algum prazo, no entanto, para a leitura terminar, eu separo horários específicos para cada um deles. antes de dormir, leitura-ritual. ao acordar, leitura-de-estudos, por exemplo.
e, se você está começando um livro agora, vale a pena o desafio diário de se colocar uma meta de páginas ou de tempo de concentração por dia, mas sem megalomanias. parece bobagem, mas vivemos rodeados de estímulos e ficarmos concentrados por 30 minutos em algumas páginas, é sim, um baita desafio! então vamos ser gentis e tentarmos entender qual é o ritmo que funciona para cada um de nós.
referências que vocês também podem gostar:
o site e o perfil da quatro cinco um, a revista dos livros
o perfil do books.ter no instagram, para dicas de livros
o movimento #leiamulheres, para conhecermos autoras e suas narrativas
as análises literárias da juliana cunha e da fabiane secches
o podcast “como começar”, do jornal Nexo, em particular esse episódio de como começar a ler guimarães rosa
até semana que vem,
💋 bia
Outra dica é a "rede social" GoodReads, onde você acompanha o que seus amigos estão lendo, seus "ratings" para cada leitura e comentários, atualiza seu progresso em cada livro, cria sua lista de "want read", Enfim é sensacional.
muito bom!!! obrigada pelas dicas, até semana que vem :)