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Brasil: Uma biografia - Capítulo 7

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Brasil: Uma biografia - Capítulo 7

D. João e o seu reino americano

ana beatriz rosa
Aug 5, 2020
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olá, olá!

como andam as leituras?

por aqui, tenho avançado nos capítulos, mas tenho falhado na newsletter semanal. estive pensando em alguns novos modelos de disparo para que a nossa leitura conjunta se desenvolva melhor. vou testando nos próximos dias, podem deixar que aviso!

por enquanto, essa newsletter segue no modelo tradicional de um overview, e alguns comentários, sobre o capítulo do dia.

vamos lá.

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D. João e o seu reino americano

no dia 22 de fevereiro de 1808, D. João e sua Corte aportaram em terras brasileiras. primeiro, fizeram uma parada em Salvador antes de seguir para o Rio.

a primeira impressão da cidade não foi boa. não que a paisagem de Lisboa fosse radicalmente distinta, mas a presença dos negros escravizados chocou até mesmo quem mais se beneficiava do tráfico de pessoas.

de acordo com os relatos da época, não era raro assistir aos castigos dos escravizados em plena luz do dia, ou então ver homens negros sendo utilizados para o transporte de brancos em “cadeirinhas” apoiadas nos ombros, como animais.

para afastar a má impressão, D. João iniciou iniciou a organização interna da colônia. foi ainda em Salvador que ele assinou a sua primeira medida régia: a abertura dos portos brasileiros às nações amigas. em seguida, partiram para a nova capital.

nos páragrafos seguintes, as autoras descrevem como aconteceu a preparação do Rio de Janeiro para se tornar, de fato, a sede da colônia com a chegada da corte. não era uma tarefa pequena, visto que a cidade era limitada pela presença de 4 morros. o Rio não tinha mais do que 45 ruas, 6 blocos e 19 largos, e as condições urbanísticas não eram das melhores. mas tudo isso ficou de lado com a chegada da Coroa portuguesa. no dia do desembarque, a cidade literalmente parou. era 7 de março e a programação contava com salvas de canhões, homenagens e cerimônias. a festa principal, no largo do Paço, ganhou a madrugada com direito a músicas e fogos.

após o reconhecimento inicial do novo território, o objetivo era dar ares palacianos à nova capital e organizar o funcionamento da máquina administrativa na nova sede. as instituições que existiam em Portugal foram transplantadas para o Brasil com o mesmo espírito de rotina burocrática. não houve espaço para transformações. na colônia, tudo era espelho de Lisboa. mas, com o ineditismo que a história guardava, a colônia se constituía como a nova sede da metrópole.

Um rei no Brasil

na minha leitura, o mais interessante desse trecho do capítulo é ter uma noção mais detalhada de como foram os primeiros anos de D. João por aqui.

de repente, as ruas do Rio de Janeiro se viram ocupadas por uma mistura de negros cativos, realeza, portugueses da administração, índios e brasileiros. a população cresceu substancialmente, assim como as expressões e os desafios da nova capital. o governo precisou lidar com tudo isso, ao mesmo tempo em que investiu em construir e consolidar a imagem dos “feitos” da Coroa.

faço destaque para a descrição sobre as festas da corte, que faziam parte da rotina da cidade. procissões, desfiles, cortejos, bailes, qualquer motivo era um bom motivo para que as aparições públicas de D. João cumprissem uma função estratégica e simbólica de vincular a sua imagem ao império lusitano que, espalhado pelo mundo, era agora governado a partir do Brasil.

em 1815, com a morte de D. Maria I, o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves. o ato teve feitos políticos, econômicos e diplomáticos na medida em que respondia às demandas inglesas de comércios e se afastava do “ar” revolucionário que rondava os Estados Unidos.

movimentos revolucionários, aliás, se espalhavam por todas as partes. e a situação oferecia motivos de sobra para que D. João retornasse a Portugal. mas eles decidiu permanecer.

nos anos seguintes, duas questões externas, primordialmente, balançariam o governo pacato de D. João: a questão da Cisplatina e a recorrente discussão sobre o fim do tráfico de escravos. nas searas internacionais, segundo as autoras, a filosofia do regente era “manter as coisas como estão, para ver como é que ficam”. mas era impossível manter a inércia para sempre.

em 1815, a abolição do tráfico de escravos se tornou pauta durante o Congresso de Viena. foi aprovada uma cláusula que abolia o comércio de escravos no hemisfério norte, o que implicaria diretamente nas condições do Brasil e de Portugal. mas numa sociedade escravocrata como a brasileira, esse tipo de decisão tendia a ser engavetada.

“entre o estatudo legal e a realidade havia um imenso abismo, o qual não era possível transpor somente com decretos.”

internamente, um novo caldo em ebulição se formava para além da questão dos negros. as regiões mais afastadas do Rio de Janeiro, como Pernambuco, se sentiam distanciadas do governo, ainda que precisassem arcar com os pesados impostos. o descontentamento interno ganhava voz com os ideais franceses e com os princípios que incendiaram a independência dos Estados Unidos. e em 1817, uma recessão generalizada levou a uma gritaria geral contra a Corte, que foi duramente reprimida pelos portugueses.

a derrota dos pernambucanos passou a mensagem de que tempos mais calmos estariam por vir. com isso, em 1818, começou-se a organizar a cerimônia de aclamação de D. João.

contrariando a vontade dos portugueses, D. João permaneceu no Rio de Janeiro para receber as honras do trono e o largo do Paço foi cuidadosamente preparado para o cortejo. tudo foi pensado para que o rei ficasse visível para quem quisesse observá-lo. e até a esposa do seu filho D. Pedro, a arquiduquesa Leopoldina, chegaria para a celebração. a cada nova festa, a nação era fundada, e a representação criava a nova realidade da cara do Brasil.

Links que você também pode gostar:

  • um texto sobre D. Maria, que nunca foi louca;

  • os costumes da corte e das elites em Debret;

até a próxima semana!

💋bia

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