ana beatriz rosa

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Brasil: Uma Biografia - Capítulo 12

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Brasil: Uma Biografia - Capítulo 12

ela vai cair: o fim da monarquia no Brasil

ana beatriz rosa
Oct 21, 2020
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olá, pessoal! todo mundo bem por aí? espero que sim.

e vamos ao capítulo do dia de Brasil: Uma Biografia, sobre o fim da festa e a derrocada da monarquia.

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começamos o décimo segundo capítulo falando menos sobre o brasil, e mais sobre o contexto da américa da qual fazíamos parte. o desenho era de um quadro geral de instabilidade, ainda que Brasil, Uruguai. Argentina e Paraguai estivessem separados por seus governos e culturas.

em 1864, logo após toda a confusão da Questão Christie, a gota d’água entre os brasileiros e os seus vizinhos aconteceu, ocasionando uma invasão e ocupação dos territórios do Paraguai pelas tropas brasileiras. o conflito rolou até 1870, e crescia na corte o tom de ufanismo a cada nova batalha vencida pela Marinha Imperial e Guarda Nacional.

o mais interessante disso tudo foi, para além do conflito em si, perceber como a exposição militar também ocasionou em discórdias internas nas Forças Armadas, uma vez que o grupo ganhava cada vez mais protagonismo político na sociedade. terminada a guerra, fazer parte do Exército se tornou uma ferramenta de ascensão social e o grupo passou a ter uma representatividade até então desconhecida.

outra curiosidade: acostumados a conviver, e batalhar, lado a lado com soldados negros, os militares passaram a nergar-se a exercer suas antigas funções de perseguir escravos fugidos. não é que o Exército teria se tornado uma grande força abolicionista, mas desde o fim da guerra a instituição passou a se tornar um polo de forte oposição aos ideais do Império.

Partido Republicano: Federalismo sim

não era só o Exército, contudo, que se opunha ao monarca. outros focos de oposição começaram a se formar, como o Partido Republicano, que agregava os profissionais liberais ligados aos setores urbanos e os fazendeiros paulistas que, descontentes com a política intervencionista do Estado em seus negócios, passaram a ocupar a linha de frente contra a monarquia.

com a evolução do café na região sudeste, São Paulo ganhou cada vez mais força no cenário econômico, mas se viu sem a correspondente representação no Congresso. insatisfeitos, esses atores formaram o Partido Republicano Paulista em 1873, que se reuniu na famosa Convenção de Itu. o grupo reclamava do centralismo do governo e reinvidicava uma transformação pacífica através da implementação da república federativa.

assim, até o final da década de 1870, o jogo político estava desenhado entre o monarca versus os abolicionistas, os republicanos e o Exército.

A monarquia tropeça (e cai)

com a entrada dos anos 1880, a monarquia se via cercada de desafios de todos os tipos. dentre eles, a campanha pela abolição. foi fundada a sociedade brasileira contra a escravidão e também a confederação abolicionista. foi nesse período, também, que as palavras de Castro Alves e Joaquim Nabuco ganhavam cada vez mais adeptos. os tempos mudavam, e exigiam novos interprétes capazes de realizar essas mudanças.

em 1884, a escravidão foi oficialmente extinta no Ceará e no Amazonas. e em 1888, finalmente, veio a abolição.

por mais que o governo tentasse recorrer a táticas “reformistas” - como a lei dos sexágenarios e a lei do ventre-livre - os ataques vinham de todos os lados, sem falar das rebeliões que surgiam em todo o país. “medo” era uma palavra e um sentimento que se socializava. medo da reescravização, medo da violência.

nas últimas décadas do século, e com o apoio dos abolicionistas, multiplicaram-se refúgios de escravos em torno das áreas urbanas. o peso da legitimidade popular à causa abolicionista crescia, e pela primeira vez na história, esse peso se materializava em uma estratégia de luta política.

a abolição já se realizava, à revelia dos governantes, por iniciativas particulares e dos próprios escravos. e assim também surgiam novos heróis, como José do Patrocínio, filho de mãe escrava, republicano e democrata.

era preciso tomar uma atitude depressa. talvez, por isso, o texto da Lei Áurea tenha sido tão conciso: “É declarada extinta, desde a data desta lei, a escravidão no Brasil. Revogam-se as disposições em contrário”.

aqui, vale o contexto: quem assinou a lei foi a princesa Isabel, uma vez que d. Pedro estava fora do país, e a imagem pública da princesa acabou por ser a da “redentora dos negros”.

aqui, também, abro espaço para uma interpretação das autoras que eu achei muito interessante: quem leu o livro, ou acompanhou as newsletters, vai compreender que a libertação dos escravos tardou, e muito. veio após uma sucessão de eventos, muitos deles protagonizados pelos próprios cativos. mas a leitura oficial da história que chega para nós, brancos, é a de que a abolição foi apresentada como um presente, e não uma conquista. um presente da princesa Isabel. e essa percepção equivocada deixa de lado todo o processo que foi marcado pelo envolvimento decisivo dos negros na luta pela abolição.

-> tarefa de casa: vamos pesquisar, juntos, sobre a história decolonial? uma ferramenta para pensar, e ensinar, histórias outras

após a abolição, se deu todo um processo em favor da República. o marechal Deodoro da Fonseca protagonizou a cena, que proclamou um governo provisório e decidiu pela saída imediata da família real do Brasil.

o projeto republicano significou uma saída legítima diante da falência do império. mais que uma questão institucional, o projeto respondia aos anseios do espaço público, já que a política há muito havia deixado de ser privilégio daqueles que ocupavam o Parlamento.

o movimento intelectual da época também foi um forte ator desse processo, já que criou uma nova linguagem e atacou os três principais suportes da monarquia: o monarca, a religião e o Romantismo. no campo das ideias, passava a vigorar o evolucionismo, o materialismo e o positivismo.

e toda essa combinação de fatores criou o caldo da nova política que vai marcar a primeira República. mas essas são conversas para os próximos capítulos…


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até a próxima newsletter!

💋bia

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